terça-feira, 26 de julho de 2011

Prazeres

Estar sentado, fora da luz e dos olhares, com uma substância fresca à frente, a olhar para um casal, com um elemento muito conhecido e pensar:

"Atrás de mim virá quem de mim bom fará."

...karma is a bitch.
Quando penso em realidades socialmente aceitáveis, vem-me sempre à cabeça a consideração social de que os homens que pensam muito em mulheres desejam muito mulheres. Não concordo. Penso exactamente o contrário.
Eu clarifico.
Quando saio de uma relação, independentemente do quão boa chegou a ser, ou do quanto durou, venho com um sentimento nebuloso que gosto de armazenar, nas estruturas mentais, na gaveta da “raiva”.
Não é um sentimento somente pérfido, tem semblantes positivos, apesar de muito crucificado pela sociedade. Protege-nos, cria uma barreira invisível em nosso redor, afastando os avanços de tudo o que nos relembra o objecto da raiva.
Quando se abandona uma relação, independentemente de terminar bem ou mal (não acredito em bons fins de relação), fica sempre aquele gostinho a raiva, que nos faz pensar: “Não quero mais ninguém”, muitas vezes confundido com segura devoção.
Esse sentimento faz-nos não querer, efectivamente, uma relação. Não queremos cabeças no peito ao adormecer, não queremos mensagens ao longo do dia, muito menos queremos prestar contas a uma criatura que, no futuro, só nos fará mal, só nos tirará o gosto pelo comum dia-a-dia. Não se nega, por sua via, o animalesco sentimento da conquista, do engate.
É nessa altura que mais se pensa nas mulheres. Não por se desejar uma mulher, não por gostarmos muito da mulher, mas sim por se sentir aquela indiferença abismal por tudo o que é alheio aos nossos sentimentos. A mulher, naquela ressaca da relação, é um objecto: Não sente, não sofre, não gosta. É apenas a droga de substituição, o espelho das mágoas, dos defeitos da ex-namorada, da ex-mulher. Em suma, as milhentas mulheres que nos passam pela cabeça não merecem algo de nós, magoar antes de ser magoado.
Quando estamos há muito solteiros, desejosos de assentar, ou comprometidos, completamente vacinados contra a dor, desejosos daquele afecto incondicional, aí sim, se gosta de uma mulher, da tal em que se pensa com exclusividade.

domingo, 10 de julho de 2011

Os Putos

Gosto muitíssimo de crianças, aparentemente elas simpatizam comigo.
Fruímos de uma afinidade cordial, um acordo de mútuo respeito que se passa, apenas, pelo olhar: Não grites, eu não grito.
Portanto, chegado a casa de um dia extenuante, desejoso de relaxar, a última coisa que espero é encontrar um grupo de crianças a não consumar o nosso pacto.
O problema nem são os bramidos, nem a imitação reles da sirene, muito menos o facto de estarem quase a galgar para cima do meu carro

Não…
O problema é, evidentemente, a banda sonora que escolheram para acompanhar as investidas.
Não suporto música infantil.

domingo, 3 de julho de 2011

Há alguns anos nasci, numa terriola rasa ao mar, fui-me edificando, não ao meu ritmo, mas ao compasso que foi sendo imposto pelos outros, é assim que tem que ser, assim foi.
Crescimentos, amores e desamores à parte, cedo me apercebi que já era o número dois. O segundo James, o que fica atrás do Um, com honra e sentindo que tal é um privilégio…

Quase sempre, pelo menos.
Neste blogue vou ser o dois que sou, mas vou criar um “Um” que aqui serei.